Ida a Restinga para a realização da atividade na escola Alberto Pasqualini, com alunos do cursinho pré-vestibular Resgate. O professor do período de Biologia cedeu-nos 25 minutos de sua aula para que pudéssemos realizar a atividade.
Perguntamos se eles conheciam-se antes de iniciar o cursinho? Praticamente todos disseram que não. E após o início das atividades no curso, após estarem convivendo a praticamente 8 meses juntos em sala de aula, será que foi tempo suficiente para que eles pudessem conhecer uns aos outros realmente?
Você conhece bem seu colega?
Formamos um círculo, no qual Foi proposto que cada aluno apresentasse seu colega, dividiram-se em pequenos grupos/ duplas. Sugerimos então um tempo de 15 minutos para que eles pudessem conversar entre si e se conhecer melhor.
Após o término do tempo estipulado, iniciamos as apresentações, (notamos certa timidez por parte dos alunos):
Cada aluno então apresentou o colega que estava ao lado, as apresentações seguiram-se assim:
Paulo: quer cursar Nutrição, teve oportunidade de cursar teologia, mas não quis. 61 anos
Julian: quer cursar Medicina, tem 21 anos;
Daniele: vai prestar vestibular para comunicação, o entusiasmo surgiu após fazer a oficina de cinema oferecida pela extensão da UFRGS na escola.
Carol: não vai prestar vestibular, pretende usar nota do ENEM para conseguir um tecnólogo da UFRGS;
Josi: quer cursar fisioterapia;
Felipe: vestibular Engenharia mecânica, 1º ano de cursinho, tem facilidade com exatas;
Paula: quer cursar medicina, sua colega a percebe como uma aluna muito esforçada;
Maristela: em seu 2º ano de cursinho, pretende conseguir uma vaga para o curso de fisioterapia;
Magda: vestibular de Psicologia, 1º ano de cursinho;
Eleonara: Serviço social;
Ionara: enfermagem;
Natiele: Administração, 1º ano de cursinho, apresentada por sua colega como persistente;
Vanessa: vai prestar seu 1º vestibular para letras.
Pâmela: chegou atrasada para a nossa roda de conversa, mas não hesitou em se auto apresentar, vai prestar vestibular para o curso de odonto, diz estar muito ansiosa.
Nota-se que apesar de estarem convivendo alguns meses juntos, pouco foi o detalhamento da personalidade dos alunos, feito pelos colegas. Com exceção de alguns quais atribuíram algum adjetivo ao seu colega.
É chegada nossa hora de fazer algumas perguntas aos alunos da Restinga, perguntamos se eles trabalhavam? Grande parte respondeu sim.
Porque escolheram a UFRGS?
Por sua gratuidade, currículo melhor, conteúdos bem amplos, segurança na formação (muitos acreditam que por cursarem na UFRGS, já estarão com emprego garantido fora da universidade), mas a resposta que mais chamou a atenção foi a da menina que respondeu - “superação, pois apesar de ser considerada difícil, não é impossível a aprovação no vestibular”. Houve a aluna que respondeu que pretendia estudar na UFRGS para poder comprar um carro, “ se eu tiver de estudar numa universidade particular, não poderei juntar dinheiro para comprar um carro”.
Com algumas das respostas acima, podemos perceber o misticismo existente em torno da universidade, alguns pensam em tratar-se de um lugar mágico, onde ao final do curso encontraremos uma carta de admissão para o melhor, e mais bem pago serviço do mundo. A universidade é o aluno quem constrói, e que durante a graduação devemos ficar atentos e procurarmos as oportunidades existentes dentro da universidade, e não ficarmos fechados apenas dentro de nossos próprios cursos.
Cotas, conhecimento sobre os cursos? Alguns procuraram saber.
Cotas: “forma desigual de tratamento para chegar na igualdade, cotas dessa forma para que tenhamos condições de escolher o curso e ter acesso a universidade”
O que se entende por universidade pública? UFRGS pública de fato? “Direito ao acesso por todos”;
“ A universidade é pública, mas possui barreiras ainda, luta para entrar no vestibular, mas enfrentaremos uma luta maior para continuar na universidade”.
Os próprios alunos sugeriram que continuássemos com esse tipo de trabalho nas escolas, para incentivar os jovens, segundo eles “a escola ensina a ser empregado, isso tem de mudar . Ensinar ao jovem que ele também pode ser o empresário”.
“Raciocinar para que servem as coisas? A comunidade da Restinga não acreditava que a escola técnica viria para cá. Falta informação para o povo, se o jovem procura o conhecimento, ele começa a exigir, e isso incomoda.” (aluno cursinho)
Considerei satisfatória, a realização da atividade, pois os alunos propuseram-se a dialogar sobre as perguntas, participar da dinâmica, interagir com seus colegas.